31 de outubro de 2022 foi um dia assustador para a indústria automotiva, mas não apenas por causa do Halloween. Foi nesse dia que a Stellantis anunciou que a joint venture GAC-FCA, responsável pela construção e venda de jipes na China, havia pedido concordata.
O anúncio veio poucos meses depois que a Stellantis aumentou sua participação na joint venture, e não muito depois de o CEO da Stellantis, Carlos Tavares, afirmar corajosamente que nenhuma montadora poderia se dar ao luxo de não estar na China. Após o fracasso, porém, os analistas estão começando a se perguntar se as dificuldades do Jeep eram indicativas de uma tendência mais ampla.
“Não espero que a Stellantis seja um caso isolado”, disse à Reuters Marco Santino, sócio da consultoria de gestão Oliver Wyman. “Provavelmente quase todas as montadoras ocidentais terão que rever a lógica industrial de sua presença na China.”
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Embora certamente haja elementos da falência da Jeep que são exclusivos dela, algumas forças de mercado mais amplas podem estar causando ansiedade nas montadoras ocidentais. Um fator importante é que a maioria das fábricas de montadoras estrangeiras viu a produção encolher nos últimos cinco anos. Isso inclui marcas como Mitsubishi, Ford, VW e GM, que produziram entre 30 e 50% menos veículos em suas fábricas de joint ventures chinesas em 2022 do que em 2017.
Parte dessa deficiência, porém, pode ser explicada pela pandemia. A China implementou medidas estritas para retardar a propagação do COVID-19, afetando a produção das montadoras e seus fornecedores.
Nem tudo é tão simples, no entanto. As montadoras estrangeiras costumavam ter uma vantagem na China por causa do prestígio de seus nomes. Essas montadoras demoraram a se adaptar às preferências dos clientes por EVs carregados de tecnologia, permitindo que as montadoras domésticas construíssem uma reputação para si mesmas como mais modernas e novas.
“Nos últimos cinco anos, o mercado (da China) mudou decididamente de empresas estrangeiras com o direito de vencer por causa de sua condição de estrangeiro para onde há um campo de atuação muito mais nivelado”, Bill Russo, chefe da consultoria Automobility Ltd. “ As empresas chinesas, na verdade, têm uma vantagem pioneira porque adotaram a eletrificação mais rapidamente do que as empresas estrangeiras estavam dispostas a fazer.”
Essa disposição de liderar com veículos elétricos pode agora estar dando às montadoras chinesas uma vantagem em outros lugares. Seu know-how de EV e recursos de alta tecnologia podem ajudá-los a atrair clientes europeus agora que estão tentando expandir fora de seu próprio continente.
Tudo isso indica que o mercado chinês está se tornando um mercado cada vez mais desafiador para as montadoras europeias, americanas, japonesas e coreanas, que antes tinham uma vida relativamente fácil.
“Stellantis é um canário na mina de carvão. Para sempre, as marcas estrangeiras foram os filhos favoritos na China”, disse Michael Dunne, CEO da ZoZo Go, uma consultoria com sede na Califórnia. “Não mais.”
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