Baleias-da-groenlândia podem ter um superpoder que desafia o câncer: reparo de DNA

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Perto da ponta norte do Alasca, nos arredores do Oceano Ártico, as baleias-da-groenlândia deram aos cientistas um vislumbre da longevidade.

Os gigantescos mamíferos marinhos podem viver mais de 200 anos – e as amostras de tecido coletadas dos animais revelam uma superpotência que pode explicar como. Células de baleias-da-groenlândia são gênios na reparação de DNA danificado, relatam cientistas em 8 de maio em biorXiv.org.

Essa capacidade significa que os animais podem consertar danos que poderiam levar a falhas genéticas causadoras de câncer, diz Orsolya Vincze, ecologista evolutiva do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Paris, que não participou da pesquisa. Os cientistas relataram anteriormente estratégias biológicas de outros animais para evitar o câncer. Mas o novo trabalho, diz Vincze, “mostra que as baleias abordam a resistência ao câncer de uma perspectiva muito nova”.

A baleia-da-groenlândia, Balaena mysticetus, pode crescer até cerca de 18 metros de comprimento e está entre os mamíferos mais pesados ​​da Terra. Com mais de 80.000 quilos, é aproximadamente o peso de seis ônibus escolares totalmente carregados. Toda essa massa corporal se soma a um grande número de células. E toda vez que uma célula se divide, há uma chance de surgir uma mutação perigosa.

Mas, de alguma forma, animais de grande porte são especialmente resistentes ao câncer – um quebra-cabeça conhecido como paradoxo de Peto. Isso sugere que os animais devem “ter defesas contra o câncer muito mais fortes”, diz Lisa Abegglen, bióloga celular da University of Utah Health em Salt Lake City, que não fez parte do novo trabalho.

Sua equipe descobriu que os elefantes, que podem viver quase tanto quanto os humanos e raramente morrem de câncer, têm cópias extras de um gene bloqueador de tumor chamado TP53 (SN: 13/10/15). Este gene e outro podem ajudar os elefantes a lidar com danos no DNA, limpando as células afetadas, relataram outros cientistas (SN: 14/08/18).

Essa é uma maneira de evitar problemas de DNA danificado, diz Marc Tollis, um biólogo evolutivo da Northern Arizona University em Flagstaff, que não participou do novo estudo. Outra estratégia é “aceitar o golpe”, diz ele, “e depois tentar consertar”.

Sugestões do genoma da baleia-da-groenlândia publicadas há quase uma década previam que os mamíferos podem usar essa estratégia alternativa (SN: 06/01/15). “Mas você precisa de experimentos reais para realmente validar essas previsões”, diz Tollis.

No laboratório, a coautora do estudo, Vera Gorbunova, da Universidade de Rochester, em Nova York, e seus colegas realizaram uma variedade de experimentos em células colhidas de tecido de baleia-da-groenlândia, bem como em células de humanos, vacas e camundongos.

As células da baleia foram eficientes e precisas no reparo de quebras de fita dupla no DNA, danos que cortam ambas as fitas da dupla hélice do DNA. O reparo de baleias restaurou o DNA quebrado à condição de novo com mais frequência do que as células de outros mamíferos, descobriu a equipe. Nesses animais, os reparos no genoma tendiam a ser mais desleixados, como um jeans mal remendado. A equipe também identificou duas proteínas nas células da baleia-da-groenlândia, CIRBP e RPA2, que fazem parte da equipe de reparo do DNA.

Descobrir como os animais se defendem do câncer é “incrivelmente empolgante”, diz Abegglen, “porque todas essas estratégias têm potencial para serem traduzidas em tratamentos eficazes para pessoas com câncer”. Embora esse dia possa estar longe, as novas descobertas destacam a importância de estudar animais com baixas taxas de câncer, diz ela. Abegglen quer testar se os resultados da equipe se sustentam em células de baleias jubarte e golfinhos – ou se esses animais têm defesas diferentes.

Há muito o que aprender com esses e outros animais com corpos grandes e longa expectativa de vida, diz Vincze. “Provavelmente já temos a solução para a medicina contra o câncer na natureza”, diz ela. “Só temos que encontrá-lo.”




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