Sim: El Niño. Eles afeta os dois hemisférios, porque é uma mudança nos ventos ao longo do Equador, que divide o planeta ao meio. Normalmente, tais ventos sopram no sentido leste-oeste, empurrando água quente da superfície do Pacífico para a Ásia, o que esfria as praias do Peru e do Equador.
Quando esses ventos enfraquecem ou se invertem – o El Niño – a água quentinha fica no lado latino do mapa, e isso gera uma reação em cadeia: chove mais no sul dos EUA e menos na Amazônia, a Austrália esquenta (mais) e a Sibéria esfria (mais). O La Niña é o contrário: ocorre quando esses ventos ficam extra fortes, e as águas por aqui, extra frias.
A associação entre El Niño e o sul é cultural: o Equador cruza a América do Sul, e foram pescadores hispânicos que batizaram o aquecimento das águas do litoral latino, perceptível no Natal, em referência ao niño Jesus. O meteorologista Gilbert Walker, que chamou O Menino de “Oscilação Sul” nos anos 1920, ajudou.
Walker não sabia, em princípio, se tratar do mesmo fenômeno descrito pelos peruanos e equatorianos. Ele percebeu a inversão dos ventos na outra ponta, a asiática, estudando as monções na Índia (que, na época, era uma colônia britânica). Atualmente, os acadêmicos se referem ao fenômeno como ENOS, as letras iniciais de El Niño-Oscilação Sul.
Faz sentido, porém, pensar em fenômenos meteorológicos simétricos: os que afetam a Terra em outras latitudes, mais altas que o Equador, geralmente acontecem em versão espelhadas nos hemisférios norte e sul. Para entender melhor, leia este outro Oráculo.
Pergunta de @veiguinhaboy, via Instagram.
Fonte: Fábio Marin, do Dep. de Engenharia de Biossistemas da Esalq, USP; NOAA.
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